terça-feira, 29 de agosto de 2017

TCHEKHOV É UM COGUMELO


        Tempo de delicadeza. Tempo de singeleza. Tempo de beleza. Tempo, tempo, tempo...

         1900, ano em que Tchekhov escreve As Três Irmãs.

Olga Knipper e Tchekhov em 1901, ano da estreia de "As Três Irmãs" em Moscou.


        1972, ano em que o Grupo Oficina monta a peça por apenas alguns dias. (tive o privilégio de assistir a essa montagem, que tinha ar bastante melancólico e triste).


        1995, ano em que Zé Celso Martinez Corrêa dá histórica entrevista para um grupo de estudantes de teatro sobre a montagem de 1972.


       2017, ano em que André Guerreiro Lopes (um dos entrevistadores de 1995), reúne tudo isso em uma delicada viagem pelo tempo e que resulta em dos mais belos espetáculos presentes em nossa cena: TCHEKHOV É UM COGUMELO.


        Em 2010 quando assisti a Ilhada Em Mim escrevi:Eu queria ter veia poética para poder traduzir com palavras adequadas todas as sensações que tive ao assistir Ilhada em Mim. A encenação de André Guerreiro Lopes é absolutamente sensitiva e fica difícil escrever sobre ela de maneira racional.” A mesma sensação eu tive ao ver O Livro da Desordem e da Infinita Coerência (anterior a Ilhada Em Mim, mas que vi posteriormente) e eis que ela novamente se repete com este belíssimo Tchekhov É Um Cogumelo! André tem o dom de transformar poesia em ato cênico.
        O espetáculo, bastante complexo, coloca em cena literalmente o que se passa no cérebro do encenador mixando de forma extremamente harmoniosa os tempos citados acima. Um ato de “esculpir o tempo” como informa o belo e informativo programa.
        A mais que lúcida entrevista de Zé Celso serve como guia para o espetáculo sendo intercalada com cenas de As Três Irmãs onde Olga, Irina e Masha são representadas com muita sensibilidade por Helena Ignez, Djin Sganzerla e Michele Matalon e as canções são lindamente cantadas por Roberto Moura. Samuel Kavalerski e Fernando Rocha completam o harmonioso elenco.  A iluminação de Marcelo Lazzaratto e a trilha sonora de Gregory Silvar embalam suavemente toda a encenação e não contente em esculpir o tempo, Guerreiro Lopes esculpe também o lugar nos trazendo da longínqua Rússia do início do século 20 para as ruas de São Paulo de 2017 por meio da surpreendente participação do Grupo Embatucadores. É muita emoção para um espetáculo só!
             A peça também comemora os dez anos do Estúdio Lusco-fusco, a companhia teatral criada por Djin Sganzerla e André Guerreiro Lopes.
        Cada um à sua maneira, Tchekhov É Um Cogumelo e Boca de Ouro (direção de Gabriel Villela, em cartaz no Tucarena) são, na forma, os dois mais belos espetáculos em cartaz na cidade, além, obviamente, da qualidade de seus conteúdos.
        TCHEKHOV É UM COGUMELO está em cartaz no Teatro Anchieta até 08/10/2017 às sextas e sábados às 21h e aos domingos às 18h.
        IMPERDÍVEL!!

27/08/2017

       
       
       





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