terça-feira, 1 de março de 2016

FEVEREIRO TEATRAL 2016 e ESCLARECIMENTO DE UMA POSIÇÃO



EU TENHO TUDO

CARANGUEJO OVERDRIVE


        No ano passado ao programar a data da cirurgia da vesícula escolhi o mês de janeiro porque sempre foi o mês mais tranquilo em relação às atividades teatrais. Ledo engano! Neste janeiro de 2016 estiveram em cartaz, entre estreias e reestreias, mais de 100 espetáculos, sendo que nada menos de 71 eram de dramaturgos brasileiros. Sendo assim, comecei o mês de fevereiro com um déficit razoável e para compensar assisti a 22 espetáculos nos 29 dias que me foram dados para viver neste ano bissexto.
        Confesso que muitos espetáculos não me disseram muito e outros até me decepcionaram, houve aqueles de interpretações excepcionais como os monólogos de Denise Weinberg (O Testamento de Maria) e Luciano Chirolli (Memórias de Adriano) ou de divertimento inteligente/irreverente (Volpone) e ainda aqueles que realmente me surpreenderam e me tiraram do chão justificando a minha paixão pelo teatro e a crença que vale a pena ser espectador, são eles: Caranguejo Overdrive e Eu Tenho Tudo (excepcional interpretação de Pedro Vieira) . Todos esses títulos foram alvo de matéria deste blog, além de, Los Lobos Bobos,  Amarelo Distante e Dadesordemquenãoandasó. Não tive oportunidade de escrever sobre Teorema XXI e Pessoas Sublimes, dois trabalhos sérios e dignos de atenção.
        Muita gente comenta que só falo do bem dos espetáculos que comento em meu blog. A questão é outra: só escrevo sobre os espetáculos dos quais eu gosto. Quando o blog foi criado, tive e continuo tendo a intenção de escrever sobre os trabalhos que me tocam de maneira positiva e que gostaria de compartilhar com meus parceiros. Não tenho a intenção de falar mal daqueles espetáculos que me desagradam nem tampouco sobre os que nada me dizem. Cabe lembrar que a maioria dos projetos teatrais é feita com muito suor e lágrimas e merece todo o respeito; se, no meu modo de ver, o resultado não é satisfatório não me interessa publicar uma crítica negativa (deixo isso reservado para meus escritos pessoais) e muito menos sugerir que as pessoas evitem assisti-lo. Mais que tudo, respeito o esforço profissional de quem faz teatro, excluindo desse contexto aqueles espetáculos caça niqueis com títulos esdrúxulos que contam com enorme público, independentemente do que penso ou acho.
        A função da arte recebeu no meu entender a sua melhor definição nas palavras de Ferreira Gullar: A arte tem de ter algo que me tira do chão e me deslumbra.  É sempre com a perspectiva de me deslumbrar ou no mínimo de me surpreender que me dirijo a um teatro para assistir a um espetáculo. Uma cortina fechada de um palco italiano ou o apagar das luzes em um teatro de arena sempre me colocam numa excitante expectativa positiva em relação ao que vai ser apresentado, o que, muitas vezes não é correspondido.   
        Sendo assim, neste blog a princípio você lê o ponto de vista de um espectador apaixonado (expressão roubada de um antigo livro de Ruggero Jacobbi) sobre aqueles trabalhos que, de alguma maneira, o tiraram do chão.


01/03/2016

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