segunda-feira, 24 de março de 2014

ELIS, A MUSICAL


 
     Confesso que tinha certa resistência e receio em ir assistir ao novo musical sobre Elis Regina. Acompanhei a carreira e, de alguma maneira, a vida de Elis desde quando ela surgiu em 1964 interpretando Arrastão no Festival da TV Excelsior. Fui a muitos O Fino da Bossa tanto no Teatro Record (na Rua da Consolação, hoje Lustres Yamamura) como no Teatro Paramount (hoje Teatro Renault) e assisti a todos os seus shows. No período em que morei na Holanda e na França (1977/1978), Elis, “entendendo a minha ausência”, terminou a longa temporada de Falso Brilhante e se afastou por um tempo para dar a luz à Maria Rita. Logo depois que voltei, ela estreava Transversal do Tempo no Teatro Brigadeiro. Depois vieram os shows/espetáculos Essa Mulher, Saudade do Brasil, Trem Azul e naquele fatídico 19 de janeiro de 1982 ela se foi. Fui ao seu velório no Teatro Bandeirantes, onde ela brilhou por quase dois anos com Falso Brilhante, e naquele dia comprei todos os jornais da cidade noticiando a sua morte, creio que para me certificar que aquilo era mesmo verdade.
 
Preocupada com o resultado do espetáculo
 
     Faço esse preâmbulo para justificar o porquê de eu estar receoso em assistir ao espetáculo. Some-se a isso o meu desagrado a certos musicais cariocas retratando cantores famosos que viraram moda e seguem uma receita quase padrão (vida, paixão e morte entremeadas com sucessos do biografado).
 
Reação após o espetáculo
 
     Finalmente: ELIS, A MUSICAL! Muito bem produzido o espetáculo apresenta as canções que foram sucessos de Elis não necessariamente na ordem cronológica, com coreografias simples e eficientes e com interpretações marcantes de Laila Garin; ela é uma ótima atriz (remete aos gestos e ao modo de falar de Elis) e excelente cantora (com sua voz poderosa dá a entonação das interpretações, mas não busca imitar a voz de Elis). Premio Shell merecidíssimo no Rio de Janeiro e provável candidata a indicações aqui em São Paulo.
 
 
     O texto de Nelson Motta e Patrícia Andrade é leve, bem escrito e segue os pontos marcantes da vida de Elis, sem se ater a questões polêmicas como seu gênio forte (exceção às cenas com Ronaldo Bôscoli que se tornam até cômicas) e a morte sob o efeito de drogas. Direção precisa e equilibrada de Dennis Carvalho.
     O espetáculo tem várias cenas antológicas, algumas delas reconstituindo momentos (também antológicos) da vida de Elis:
     - A aula de expressão corporal com Lennie Dale.
     - O famoso pot pourri com Jair Rodrigues em O Fino da Bossa.
     - O encontro com Tom Jobim e a gravação de Águas de Março.
     - A interpretação de Como Nossos Pais
     - O encontro com o Henfil cantando O Bêbado e o Equilibrista é de verter lágrimas!
     - A entrevista na TV que culmina com falas sobre seus três filhos e com a canção Aos Nossos Filhos.
     Todo o elenco é bastante homogêneo, mas o grande destaque é Laila Garin para quem desejamos uma carreira teatral e musical de muito sucesso.
 


Agradecimento final - Foto de Rose Nagib
 
     O musical está em cartaz no Teatro Alfa até 13 de julho, com sessões às quintas às 21h, sextas às 21h30, sábados às 16h (nesta sessão Elis é interpretada por Lílian Menezes) e às 20h e domingos às 17h.

Um comentário:

  1. Também era fã incondicional de Elis Regina e fiquei muito triste quando ela se foi. Pena os ingressos custarem tão caro. A Rose está arrasando nas fotos, heim, daqui a pouco vai expor em galeria.

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