sábado, 9 de junho de 2012

ADRIANA CALCANHOTO E O MICRÓBIO DO SAMBA

     Desde já um dos melhores shows do ano. Adriana Calcanhoto, classuda nos seus 47 anos (nasceu em 1965 em Porto Alegre), vestindo um elegante terno preto, brincos e com os cabelos pretos esticados para trás num coque, lembrando a figura de Tarsila do Amaral em um de seus autorretratos.
     O show é minimalista assim como o CD homônimo; Adriana é acompanhada por Domenico Lancellotti numa mini bateria onde ele faz milagres na percussão, Alberto Continentino no baixo acústico e Pedro Sá no violão e cavaquinho (substituindo Davi Moraes). Adriana complementa a bela sonoridade do show com vários objetos (destaque para a caixa cheia de xícaras, em Deixa, Gueixa). Um momento raro é aquele da canção Tão Chic, quando um contrarregra, à vista do público, joga confetes sobre a cantora; na parte instrumental  da música, Adriana gesticula com a alegria efêmera de um carnavalesco ( a letra diz: “a vida voa baixinho, cê vai vê, já é”). Imagem para não esquecer jamais.
     Mas há outros grandes momentos: o gestual robótico para uma canção, o caminhar em câmara lenta para outra e mais que tudo a voz límpida e afinadíssima de Calcanhoto. Elegante e sóbria, ela conduz o show e o público com admirável competência. Resta citar o momento em que ela canta Esses Moços acompanhada ao violão e ao final joga (suavemente) o microfone ao chão, como se não tivesse adiantado ter dado o conselho de Lupicínio Rodrigues aos pobres moços. Com direito a um segundo bis, o público deixou o Sesc Pinheiros extasiado e gratificado pelo belíssimo show.

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